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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Teste de ONG reprova 10 protetores solares em spray vendidos no Brasil

Fator de proteção solar presente em filtros é menor que o índice do rótulo. Análise foi feita pela organização Proteste; associação contesta resultado.

Análise feita pela Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) com dez marcas de protetor solar em spray vendidas no Brasil apontou que todas apresentam fator de proteção solar (FPS) menor que o informado no rótulo.
Dos produtos testados, o que mais se aproximou do índice de FPS 30, conforme prometido pela marca, foi o protetor Sport, da marca Cenoura & Bronze, que possuía valor 22,8. Na contramão, o produto Ultra Defense Protetor Contínuo, da empresa Banana Boat, apresentou o menor índice de proteção: 13,1.

Foram testados ainda protetores em spray das marcas Coppertone, Sundown, Solar Australian Gold, L’Oréal, O Boticário, Natura, Nivea Sun e Red Apple.
Segundo Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste, o resultado é preocupante. “O consumidor acha que está se protegendo. A Proteste considera que os produtos não são minimamente aceitáveis. Se não atinge o objetivo de proteção, então tem que mudar o rótulo”, explica.
O valor do FPS indica o tempo de exposição à radiação ultravioleta necessário para produzir vermelhidão na pele protegida pelo filtro solar. Por exemplo, se a pessoa usar o FPS 30, ela vai demorar 30 vezes mais para queimar a pele. Além desse índice, a Proteste verificou ainda o índice de proteção UVA, a resistência do produto à água e à radiação.
Os testes foram realizados com 30 mulheres, que experimentaram os produtos e deram sua opinião sobre a facilidade de absorção, textura, aroma, e se deixavam a pele pegajosa.
Confira, abaixo, o fator de proteção solar encontrado pelos testes da Proteste nos produtos. Todos indicavam em suas embalagens terem FPS 30.
- Cenoura e Bronze - FPS encontrado: 22,8
- Red Apple - FPS encontrado: 21,2
- Sundown - FPS encontrado: 18,2
- Natura - FPS encontrado: 17,5
- O Boticário - FPS encontrado: 17,1
- Australian Gold - FPS encontrado: 15,9
- Nívea Sun - FPS encontrado: 15,3
- L'Oréal - FPS encontrado: 15,2
- Coppertone - FPS encontrado: 14
- Banana Boat - FPS encontrado: 13,1
Problemas

O filtro solar que obteve a pior avaliação geral foi o Plus Gel, da Solar Australian Gold. Segundo a Proteste, além de ele não proteger dos raios ultravioleta de maneira eficaz, foram encontradas embalagens com data de validade vencida e com rótulos explicativos que continham traduções erradas do inglês para o português.

Segundo Maria Inês Dolci, em um dos lotes analisados, o texto do rótulo em inglês indicava que o produto vencia em março de 2014. Mas, no mesmo produto, a tradução em português estendia a validade para abril de 2016.
“Na verdade, o que aconteceu é que eles cometeram uma fraude, porque adulteraram o prazo de validade. Se você usa um produto com data de validade vencida, ele não vai funcionar”, disse.
A organização divulgou que tomará providências junto ao Ministério Público do Espírito Santo e de São Paulo, Procons dos dois Estados e a Agência Nacional de Vigilância Sanitártia (Anvisa) após constatar o que considera ser crime nas relações de consumo.


Procurada pelo G1, a empresa Frajo Internacional de Cosméticos, distribuidora da marca Australian Gold no Brasil, disse que “preza pela segurança de seus consumidores e qualidade dos produtos que distribui” e afirmou também que “atende todas as normas legais aplicáveis, não sendo responsável pelo fato”. A empresa informou que apura a situação.

Cassação dos produtos

A Proteste divulgou ainda que os resultados do teste foram enviados à Anvisa. A organização pediu ao órgão federal a cassação do registro dos produtos fator 30 que foram analisados, “para que sejam reclassificados corretamente, obrigando a indústria a adequar a informação de seus rótulos ao efetivo FPS”. Além disso, a associação pede que os produtos sejam retirados do mercado até que passem por esse ajuste.

Empresas discordam de resultados
Por meio de nota, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) contestou o trabalho da Proteste, considerando-o “sensacionalista”.

“Repudiamos as declarações prestadas pela Proteste em sua publicação, que declara 100% dos produtos avaliados como reprovados, enfatizando que os produtos testados são de empresas idôneas, comprometidas com a qualidade e eficácia de seus produtos (...) e que coloca em descrédito à população os serviços prestados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária", disse a associação.
A Nivea afirmou, em nota, que discorda dos resultados obtidos pela Proteste e que não teve acesso ao estudo na íntegra, por isso não foi possível "mensurar, em profundidade, detalhes sobre a metodologia e resultado do mesmo". A empresa disse, ainda, que os produtos são desenvolvidos "sob os mais rígidos protocolos globais de qualidade e segurança".
A Natura disse que possui laudos comprobatórios emitidos por três laboratórios independentes que atestam a declaração do FPS 30 no produto testado pela Proteste. A empresa discorda dos resultados apresentados pela Proteste e acrescenta que os protetores solares da marca são avaliados lote a lote pela própria empresa.
A Red Apple afirmou que, por não concordar com os resultados obtidos pela Proteste, enviou uma amostra do produto para o laboratório Allergisa, instituição reconhecida pela Anvisa, para um novo teste. Os resultados, segundo a empresa, mostraram que o FPS do produto é de 30,8.
A Cenoura & Bronze também não reconhece os resultados da Proteste por não ter acesso a "estudos completos que respaldem as conclusões apresentadas pela associação". A empresa acrescenta que realiza testes periódicos em laboratórios reconhecidos pela Anvisa que comprovam sua eficácia.
O laboratório MSD, detentor da Coppertone, afirmou que "todos os produtos da marca passam por uma rigorosa avaliação de segurança, eficácia e performance, realizada por dermatologistas e cientistas independentes, que atendem a todos os requisitos estabelecidos pela Anvisa".
O Grupo Boticário afirmou que o produto avaliado pela Proteste está dentro dos padrões exigidos. Segundo a empresa, foram realizados estudos in vitro e clínicos que comprovam a eficácia descrita na rotulagem.
A Johnson & Johnson, detentora da marca Sundown, afirmou que o FPS informado nos rótulos dos produtos é comprovado por testes e estudos realizados por órgãos externos, aprovados pela Anvisa, "atendendo e excedendo as exigências legais".
A Banana Boat disse que "cumpre rigorosamente todas as normas de certificação da Anvisa" e que garante a qualidade, a segurança e a eficácia do produto analisado pela Proteste.
A L'Oréal afirmou que as informações contidas em suas embalagens foram comprovadas em testes validados pela Anvisa e que realizou testes comprobatórios do mesmo lote avaliado pela Proteste e "tem como comprovar o fator de proteção solar declarado na embalagem".
Bem Estar - Infográfico mostra como os raios solares atingem a pele (Foto: Arte/G1)

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