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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

ADUBO POLUI REPRESA BILLINGS EM SÃO BERNARDO

Moradores e pescadores do local temem que material seja tóxico. Foto: Daniel Tossato
Quase uma tonelada do material foi despejado irregularmente a cerca de 20 metros do manancial

Há pelo menos sete meses, aproximadamente uma tonelada de adubo e outros materiais agroquímicos, fabricados pela falida usina Colombina S/A, estão estocados a cerca de 20 metros da represa Billings, em um sítio na rua Mercedes Coelho da Silva, 33, bairro Royal Park, em São Bernardo. Quando despejados, os produtos estavam ensacados, mas a ação do tempo e clima (chuva, vento e sol) apodreceu as embalagens. Agora tudo está à mostra e quando chove ou venta, os materiais são carregados para dentro da represa, o que contamina as águas subterrâneas, solo e plantas do entorno.

“Já vi o material dentro da represa. Ele não se mistura com a água, fica igual uma gelatina no fundo da represa”, afirmou o operador de laminadora Adelçon Araújo da Anunciação, 52 anos, que denunciou o caso para a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e  para a Secretaria de Gestão Ambiental de São Bernardo. O morador do Jardim Pinheiro, bairro vizinho da área, descobriu o problema em maio deste ano quando foi pescar com um amigo no local.

Ninguém sabe dizer quem foi o responsável pelo despejo irregular. O caseiro do sítio que preferiu não se identificar, afirmou que quando o material foi depositado, a área não tinha portão ou cercas, o que facilitou a ação. “Todo o terreno era aberto e fizeram isso à noite, pois ninguém sabe dizer quem foi”, comentou.

Por se tratar de uma área particular, para a Cetesb e Prefeitura, o responsável por remover os materiais e dar uma destinação final correta, em aterro licenciado, é o proprietário do sítio. Em nota, a Prefeitura informou que o proprietário foi multado, em agosto deste ano no valor de R$ 55,1 mil e notificado para remoção do material. Como o problema não foi resolvido, São Bernardo alertou que o dono da área está sujeito a multa diária.

Perigo - Para Adelçon Araújo, o fato da grama que havia no local ter morrido mostra a periculosidade dos materiais. “Quem fez isso sabia o que estava fazendo e por isso fez na calada da noite. Se não fosse nocivo, ele não teria vindo deixar aqui”, observou. Na pilha dos materiais, a reportagem do ABCD MAIOR conseguiu visualizar dois tipos de produtos: um identificado como adubo folicular de cor verde e outro de cor branca, sem identificação, em pacotes de 50 kg, sem número de lote. Para a Cetesb, a princípio trata-se apenas de materiais destinados à aplicação do solo.

No entanto, moradores e pescadores do entorno, acreditam que seja algo mais perigoso. “Tenho medo que sejam agrotóxicos”, destacou Adelçon Araújo. A usina Colombina, em Jaguaré, fabricava agrotóxicos, como o endosulfan (considerado altamente toxico) e produtos químicos como amônia (gás e solução) e amoníaco. A empresa funcionou de 1965 a 2008, quando abriu falência. Nos anos 1950, a usina tinha unidade em São Caetano.

Por: Claudia Mayara  (mayara@abcdmaior.com.br)

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