Ana Maria Guida ainda estava no ginásio, em Guarulhos, quando entrou para a escola de datilografia. Escrever à máquina era imprescindível para conseguir um emprego. Em 1969, formada em química industrial e boa datilógrafa, conquistou o cargo de secretária de gerência, na Indústria Pfizer. Elétricas – Seu principal instrumento de trabalho era uma máquina Olivetti. Já havia máquinas elétricas (com o mesmo princípio das outras), mas estas eram só para secretárias de diretores. "Sem máquina de escrever não teríamos como trabalhar", diz Ana, hoje, aos 63 anos. Ela datilografava os relatórios mensais, de 25 páginas. E, no dia-a-dia, memorandos e outros papéis. "Eu gostava muito de datilografar. A máquina para mim era quase um piano", completa Ana, que toca piano desde menina.
Para conseguir um bom emprego, era essencial que a pessoa fosse datilógrafa. Hoje, essa palavra, que traduz o profissional que escreve rápido na máquina de escrever, pode soar estranho para as novas gerações.Um dos trabalhos das secretárias era limpar os tipos da máquina, onde estão as letras. Os tipos batiam em uma fita tintada e assim imprimiam as letras no papel. Mas resíduos da fita iam-se acumulado nos tipos. A letra "o" , por exemplo, acabava virando uma bolinha preta. As máquinas estavam sempre tinindo. A função das secretárias era muito prestigiada. No Dia da Secretária, elas recebiam flores e eram levadas a almoço especial. "Fazíamos roupa para esse dia." Ana teve outros empregos e, em 1989, começou em uma faculdade. Agora, trabalhava com um computador. Mas lhe trouxeram um problema: notas promissórias teriam que ser preenchidas na máquina de escrever. Para ela, problema nenhum. Ela gosta de trabalhar no computador. "Se eu fosse escrever à máquina, hoje, acho que enfiaria os dedos no meio do teclado", diz.
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